Preocupada
com o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente, empresa
vende mudas adultas de árvores nativas da Mata Atlântica. Em um ano de atuação,
já são 7,8 hectares plantados.
Desenvolver
a sociedade, restaurar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, lucrar com isso. É
esse o objetivo da Florestas Inteligentes, empresa criada em 2010 pelos sócios
Paulo Franzine, Sérgio Cammarano e Carlos Abbondanza.
Tudo
começou com uma ideia inovadora: vender mudas adultas (com mais de um metro,
diferentemente da maioria dos viveiros que oferece mudas jovens) de mais de 150
árvores nativas da Mata Atlântica para compensações ambientais, recomposição
florestal e paisagismo. “Nós decidimos dar essa manutenção concentrada e depois
transplantar”, conta Paulo Franzine, explicando que após três ou quatro meses,
a muda adulta já sobrevive sem cuidados especiais.
Porém,
a inovação não era a única preocupação dos três sócios. “A empresa tinha que
ter princípios de sustentabilidade. Ou seja, ser baseada no tripé meio ambiente,
financeiro e social”, lembra Franzine. A perna ambiental já existia no próprio
produto, que inclui também vasos biodegradáveis e substrato à base de casca de
arroz — “lixo” da agricultura do Vale do Paraíba, onde a empresa se localiza.
O
desafio era achar uma forma de integrar esse produto com o trabalho social e
definir qual a camada da população que poderia ser beneficiada com o processo.
“Procuramos uma classe social que tinha necessidade de integração. E não há
classe social mais excluída que o preso”, responde Sérgio Cammarano.
O
Estado oferece a possibilidade de implantar o processo produtivo utilizando mão
de obra carcerária. O pagamento é de um salário mínimo e há a redução de pena.
Ação social “de verdade” Mas a ideia era transformar isso numa ação social “de
verdade”. Mesmo levando em consideração que, por estarem em regime semiaberto,
os reeducandos ficariam na empresa apenas entre seis e nove meses, a Florestas
Inteligentes decidiu, em parceria com mestrandos da Esalq-USP, capacitar seus
funcionários e entregar certificados técnicos de jardinagem, paisagismo e
viveirismo.
De
100 reeducandos que tiveram os cursos, 16 estão empregados após deixarem o
presídio, sendo que dois deles estão na Florestas Inteligentes. Além disso, há
preocupação em reintegrar o reeducando e sua família. “A família às vezes tem
vergonha. Se ele está trabalhando, essa percepção melhora”, afirma Paulo
Franzine. Outras ações sociais da Florestas Inteligentes são a capacitação e a
entrega de equipamento de proteção para coletores de sementes da comunidade do
entorno, além das aulas de educação ambiental no Ensino Médio de escolas
públicas. Após três anos, os alunos que se interessarem por ciências da terra
terão acesso a bolsas de estudo em universidades da região.
Finalizando
o tripé, a Florestas Inteligentes visa lucrar e não oferecer assistencialismo.
Os sócios prospectaram locais para montar a fábrica, escolhendo o Centro de
Progressão Penitenciária Dr. EdgardMagalhães Noronha, emTremembé, interior de
São Paulo.
Para
o diretor do presídio, Silvio Ferreira de Camargo Leite, a parceria também tem
sido proveitosa. “Nunca vi um grupo trabalhar com tanta satisfação. É olhar
para o trabalhador e ver a alegria, a disciplina. E tem muita procura, por
conta dos certificados e do tipo de trabalho. Como laborterapia, não tem nada
melhor do que mexer com a natureza”.
Tendo
plantado uma área total de 7,8 hectares e cerca de 2 milhões de árvores, a
empresa começou as vendasem21 de setembro de 2011, não coincidentemente, o dia
da árvore. E, mostrando o sucesso do empreendimento, já foi convidada a
implantar viveiros e fábricas em cinco outros presídios. Aceitou um deles: até
21 de setembro será lançado o projeto no antigo Instituto Penal Agrícola, em
Bauru.
A
expectativa de crescimento é positiva, já que o custo ambiental é de 1%do total
investido. Somente no Estado de São Paulo, a previsão de investimento da gestão
atual é de R$ 80 bilhões, sendo que a compensação ambiental deve ser de R$ 800
milhões. “Isso daria para plantar 500 vezes nosso estoque”, comenta Franzine.
Fonte texto: http://www.investe.sp.gov.br/noticias/lenoticia.php?id=16657
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