sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

FLORESTAS INTELIGENTES CRESCE E LUCRA COM ECONOMIA VERDE


Preocupada com o desenvolvimento da sociedade e a preservação do meio ambiente, empresa vende mudas adultas de árvores nativas da Mata Atlântica. Em um ano de atuação, já são 7,8 hectares plantados.

Desenvolver a sociedade, restaurar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, lucrar com isso. É esse o objetivo da Florestas Inteligentes, empresa criada em 2010 pelos sócios Paulo Franzine, Sérgio Cammarano e Carlos Abbondanza.

Tudo começou com uma ideia inovadora: vender mudas adultas (com mais de um metro, diferentemente da maioria dos viveiros que oferece mudas jovens) de mais de 150 árvores nativas da Mata Atlântica para compensações ambientais, recomposição florestal e paisagismo. “Nós decidimos dar essa manutenção concentrada e depois transplantar”, conta Paulo Franzine, explicando que após três ou quatro meses, a muda adulta já sobrevive sem cuidados especiais.

Porém, a inovação não era a única preocupação dos três sócios. “A empresa tinha que ter princípios de sustentabilidade. Ou seja, ser baseada no tripé meio ambiente, financeiro e social”, lembra Franzine. A perna ambiental já existia no próprio produto, que inclui também vasos biodegradáveis e substrato à base de casca de arroz — “lixo” da agricultura do Vale do Paraíba, onde a empresa se localiza.

O desafio era achar uma forma de integrar esse produto com o trabalho social e definir qual a camada da população que poderia ser beneficiada com o processo. “Procuramos uma classe social que tinha necessidade de integração. E não há classe social mais excluída que o preso”, responde Sérgio Cammarano.

O Estado oferece a possibilidade de implantar o processo produtivo utilizando mão de obra carcerária. O pagamento é de um salário mínimo e há a redução de pena. Ação social “de verdade” Mas a ideia era transformar isso numa ação social “de verdade”. Mesmo levando em consideração que, por estarem em regime semiaberto, os reeducandos ficariam na empresa apenas entre seis e nove meses, a Florestas Inteligentes decidiu, em parceria com mestrandos da Esalq-USP, capacitar seus funcionários e entregar certificados técnicos de jardinagem, paisagismo e viveirismo.

De 100 reeducandos que tiveram os cursos, 16 estão empregados após deixarem o presídio, sendo que dois deles estão na Florestas Inteligentes. Além disso, há preocupação em reintegrar o reeducando e sua família. “A família às vezes tem vergonha. Se ele está trabalhando, essa percepção melhora”, afirma Paulo Franzine. Outras ações sociais da Florestas Inteligentes são a capacitação e a entrega de equipamento de proteção para coletores de sementes da comunidade do entorno, além das aulas de educação ambiental no Ensino Médio de escolas públicas. Após três anos, os alunos que se interessarem por ciências da terra terão acesso a bolsas de estudo em universidades da região.

Finalizando o tripé, a Florestas Inteligentes visa lucrar e não oferecer assistencialismo. Os sócios prospectaram locais para montar a fábrica, escolhendo o Centro de Progressão Penitenciária Dr. EdgardMagalhães Noronha, emTremembé, interior de São Paulo.

Para o diretor do presídio, Silvio Ferreira de Camargo Leite, a parceria também tem sido proveitosa. “Nunca vi um grupo trabalhar com tanta satisfação. É olhar para o trabalhador e ver a alegria, a disciplina. E tem muita procura, por conta dos certificados e do tipo de trabalho. Como laborterapia, não tem nada melhor do que mexer com a natureza”.

Tendo plantado uma área total de 7,8 hectares e cerca de 2 milhões de árvores, a empresa começou as vendasem21 de setembro de 2011, não coincidentemente, o dia da árvore. E, mostrando o sucesso do empreendimento, já foi convidada a implantar viveiros e fábricas em cinco outros presídios. Aceitou um deles: até 21 de setembro será lançado o projeto no antigo Instituto Penal Agrícola, em Bauru.

A expectativa de crescimento é positiva, já que o custo ambiental é de 1%do total investido. Somente no Estado de São Paulo, a previsão de investimento da gestão atual é de R$ 80 bilhões, sendo que a compensação ambiental deve ser de R$ 800 milhões. “Isso daria para plantar 500 vezes nosso estoque”, comenta Franzine.

Fonte texto: http://www.investe.sp.gov.br/noticias/lenoticia.php?id=16657

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Narrativas de Distopia: Reflexões sobre o Mundo Atual na Ficção

1. O Reflexo Distorcido: Distopias servem como espelhos distorcidos da sociedade atual. Ao explorar mundos sombrios e opressivos, os escrito...