terça-feira, 27 de dezembro de 2022

MEU PROPÓSITO


Escrever requer senso de sentido. Trabalhar com escrita exige a virtude primordial de trabalhar muito a maneira de pensar com a finalidade não apenas de demonstrar intelectualidade, mas de conduzir leitores para um lugar de conhecimento e mudança. Claro, que para isso, existem muitos caminhos possíveis.

Não há como escrever sem que haja um propósito. 

O que faz os escritores terem a vontade de transmitir a mensagem que portam é justamente o senso de propósito. Se um autor é apenas envaidecido pela posição que ocupa, ele logo se desliga de sua função principal: guiar leitores pelas ideias concretas.

Quando se escreve sem um sentido claro, nós podemos até fazer novas descobertas, mas jamais vamos entregá-las integralmente para nossa audiência. Se estamos desassociados a esse discernimento da realidade, estamos, na verdade, longe de alcançar o coração humano. Talvez seja esta a dificuldade dos novos escritores.

Escrever palavras bonitas sem carregá-las como propósito é um grande paradoxo. Ninguém acredita em vendedores que não usam seus produtos. Usar do poder da escrita determina certa coerência de sentidos.

O amor pelo que fazemos é o começo de tudo em nós. Se sabemos a razão de escrever, não devemos nos preocupar com o que vamos construir para transmitir a mensagem depois. O propósito é um ponto de partida.

Ninguém vai se tornar um bom escritor sem ter essa largada. Saber como fazer nunca foi o ponto comum do conhecimento e da prática, mas ser fiel a nossa vocação é que sustenta essa realidade. O bom autor é aquele que mais perto de si próprio consegue chegar.

Fazer um bom trabalho está ligado profundamente com esta realidade de propósito. São frutos do mesmo terreno fértil.

Quando a vocação e o propósito não estão unidos, os dois sofrem perdas. No entanto, quando nos alimentamos mutuamente, tornam-se resistentes.

Não dá para definir-se como um escritor sem ter o que realmente dizer ao mundo, sem que se saiba anteriormente que o sucesso nada tem a ver com ser recompensado com notoriedade, sem que haja um ajuste fino entre o que produz e uma mensagem realmente inadiável.

Não dá para assumir-se como um escritor sem que sequer esteja preparado para dizer tudo quando for indispensável e contradizer-se quando for necessário. O propósito de um escritor é não trair a sua vocação, ou corre o risco de assistir o silêncio da sua falta de impacto no mundo.

Esse é meu propósito, desenvolver novos escritores.

Vamos juntos nessa jornada?


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