Sou destaque do jornal da minha cidade natal, Filhos da Terra, e deixarei trechos nesse post, para vocês me conhecerem melhor.
O quadro Filhos de Serafina do Jornal Informe Regional, para Serafina Corrêa e Guaporé busca divulgar personalidades, profissionais, enfim, pessoas que nasceram no município, ou que são filhos do coração, mas que hoje estão em outros locais, contribuindo com o desenvolvimento dessas cidades.
Quem sou eu?
Sou Leni Chiarello Ziliotto. Filha de Erzelino Chiarello e Maria Paula Taufer Chiarello. Nasci em casa, na comunidade Nossa Senhora da Saúde, onde eu vivi uma infância livre, brincando com meus 8 irmãos, em árvores, rios, potreiros, como se diz no sul. Minha mãe professora, ficava fora de casa o dia todo, e nós crianças, entre ajudar o pai e as brincadeiras, fomos crescendo entre livros, animais e roça, em uma família de princípios éticos, onde o respeito ao próximo e a espiritualidade foram a base da nossa educação.
O período que viveu em Serafina Corrêa, como foi sua vida aqui?
Vivi em Serafina Corrêa a infância, como falei. Depois, para estudar, sai de casa. Estudei em Casca, no Colégio das freiras, o São Luiz, no Scalabrini em Guaporé e na Universidade de Passo Fundo, onde me formei bióloga. Casei com Altamir Ziliotto e fomos morar em Passo Fundo, por 8 anos, retornado a Serafina Corrêa no ano de 1992, assumindo o desafio de tirar do papel a Escola 1º de Maio, do Bairro Santin, desde a construção do prédio até a implementação do seu funcionamento nos três períodos, sendo manhã e tarde o ensino regular, e a noite a EJA. Quando deixei a escola, em 2002, ela estava funcionando com mais de 300 alunos e aproximadamente 40 pessoas entre professores e funcionários. Foram anos de muito aprendizado e crescimento pessoal. Os desafios nos fortalecem e nos fazem crescer. Passei a trabalhar na escola Maria Costa Marocco, Bairro Aparecida, onde desenvolvi projeto em sala de aula que são cases das minhas palestras até os dias de hoje. Nesse período, tivemos, meu marido e eu, a gestão do restaurante do Clube Gaúcho, e eu também desbravei o ensino a distância no estado, criando a Escola Brancca Maria, polo de Ensino Superior em Serafina Corrêa, onde muitos serafinenses e pessoas da região puderam realizar o sonho de se formarem em uma faculdade, e melhorarem o seu nível de desenvolvimento profissional nas empresas. Olhando para essa minha obra hoje, me sinto honrada e com a sensação de dever cumprido, porque eu dei o meu melhor e ajudei muita gente. Por fim, eu promovi a instalação da Universidade Aberta do Brasil aqui em Serafina Correa, que até hoje beneficia muitas pessoas, oportunizando a conclusão de um curso superior.
Onde vive atualmente e quais suas ocupações?
Atualmente eu vivo na cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, onde meu marido e nosso filho mais velho têm uma empresa e o projeto pioneiro de produção de pitaya a nível comercial. Após atuar 36 anos na área da educação, desde alfabetizar, ser professora de cursos de pós-graduação, proprietária de escola e diretora da Faculdade em Nova Mutum/MT, atualmente eu tenho o privilégio de me dedicar a minha paixão, a literatura. Sou escritora, com 22 livros publicados, mais de 80 coautorias em coletâneas, membro de 12 Academias de Letras, Embaixadora Cultural das Feiras Virtuais Internacionais do Livro, pela Confederação Internacional do Livro. Recebi da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso o título de cidadã mato-grossense pelo trabalho na área da cultura e da literatura, além de vários prêmios literários nacionais e internacionais. Além de escrever, eu sou mentora literária, tendo lançado mais de 30 novos escritores no mercado do livro. Também, estou desenvolvendo receitas de geleias a base de pitaya, um hobby que me permite relaxar e sentir o sabor do simples e do belo.
Quais são suas lembranças mais marcantes de Serafina Corrêa?
A escolinha do professor Leovino Grando, bem próxima à casa dos meus pais, onde eu ouvia avidamente ele contando os contos clássicos, todas as sextas-feiras. As pitangueiras à beira do rio e as aulas de Ensino Religioso do Padre Roberto Chiotola. O tamanhão do prefeito Amantino Lucindo Montanari. A minha primeira comunhão. O retorno no ano de 92 e, com ele, a saga da Escola 1º de Maio e a ousadia de gerenciar o Ensino Superior na Escola Brancca Maria, o que me transformou em uma mulher fortalecida para os picos e os vales da vida. Foi no período que morei em Serafina Corrêa que eu criei meus três filhos enquanto trabalhava e estudava, me formei em três especializações, conclui o mestrado pela Universidade de León, da Espanha, e cursei as disciplinas do doutorado, em Buenos Aires. Lembranças de um tempo produtivo, ativo e de formação das bases da pessoa que sou.
Como você vê o município de Serafina Corrêa, vivendo hoje em outra cidade?
Eu retorno a Serafina Corrêa com bastante frequência para visitar os meus pais, para curtir o frio, porque eu gosto do frio, e para manter o vínculo com minhas raízes culturais. Percebo Serafina Corrêa avançando no seu ritmo natural de simpática cidade do interior, e mantendo vivas as suas raízes culturais, de fé e de hospitalidade. Rotariana que sou, muito me honra saber que as entidades sociais do município, entre elas o Rotary, contribuem significativamente com projetos sociais, melhorando o alcance de resultados dos serviços públicos e comunitários.
Deixe uma mensagem para os serafinenses
Quando gostamos de um alimento, dizemos que ele é bom, e não o sal que a ele foi adicionado. Não dizemos: “Nossa, que bom que está esse sal!” Dizemos: “Nossa, que boa que está essa polenta!” Mas, se a polenta fosse sem sal, não elogiaríamos a polenta. Essa é a mensagem de Jesus quando ele diz “Seja o sal da Terra”. É tornar tudo e todos melhores, inclusive nós mesmos, sem esperar ou querer holofotes, destaques, palcos. Ser sal é fazer a diferença, para melhor, na essência divina que somos, tendo a paz de espirito por termos contribuído, apesar dos reveses, das críticas, das injustiças, e o mais importante, a resiliência de ver o seu sal dando palco para o alimento, e não a você, ou seja, ao outro, que se destacou porque você adicionou o sal na medida certa. O nosso coração é que diz da nossa paz, não as pessoas. O meu propósito de vida é esse, ser sal, e acredito que estou conseguindo. Com perfeição? Não. Somos humanos e falíveis, mas sempre alerta para evoluir cada dia. Se todos forem um pouquinho sal na sua vida, na sua família, na sua comunidade, no próximo, o mundo será cada dia melhor.
Minha cidade natal é linda e convido todos vocês a conhecerem Serafina.
Depois me contem como foi viver essa experiência.
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