Gabriela Mistral, o primeiro prêmio Nobel de Literatura da América Latina
O prêmio Nobel de Literatura é o mais importante do meio, fundado pela Academia Sueca em 1895.
Demoraram muitos anos para que escritores latinos fossem reconhecidos por esse prêmio. Somente em 1945 a homenagem chegou até o nosso continente, graças à escrita de uma mulher que é pouco conhecida nos dias atuais.
O primeiro prêmio Nobel de Literatura da América Latina é da escritora e educadora Gabriela Mistral.
Gabriela Mistral (1889-1957) foi uma poetisa, educadora e diplomata chilena, primeiro nome da América Latina a vencer o Prêmio Nobel de Literatura.
Gabriela Mistral, pseudônimo literário de Lucila de Maria del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga, nasceu em Vicuña, no Norte do Chile, no dia 7 de abril de 1889. Era filha de um professor, descendente de espanhóis e índios. Desde cedo, demonstrou um interesse duplo: tanto pela escrita como pela docência.
Com 16 anos decidiu se dedicar à carreira de professora. Quando estava com 18 anos, seu namorado se suicidou, fato que marcou sua obra e sua vida.
Carreira literária
Em 1914, quando tinha 25 anos, ganhou um concurso de poesia nos Juegos Florais de Santiago, com “Sonetos de La Muerte” – começava a nascer “Gabriela Mistral”, nome criado em homenagem aos poetas que admirava o italiano Gabriele D’Annunzio e o francês Frédéric Mistral.
Em 1922, publicou seu primeiro livro de poesias, “Desolación”, onde incluiu o poema “Dolor”, no qual fala do suicídio de seu namorado.
Educadora
Gabriela Mistral trabalhou como professora de escola secundária e como diretora. Ainda em 1922, foi convidada para trabalhar no Ministério da Educação do México.
Logo, Gabriela se tornaria uma referência na pedagogia – elaborou as bases do sistema educacional do México, fundou escolas e organizou várias bibliotecas públicas.
Diplomata
A notoriedade a obrigou a abandonar o ensino e a desempenhar diversos cargos diplomáticos na Europa, Estados Unidos e América Latina. Em 1926 foi nomeada secretária do Instituto de Coperación Intelectual de la Sociedade de Naciones.
Paralelamente foi redatora da revista de Bogotá “El Tiempo”. Representou o Chile em um Congresso universitário em Madri e pronunciou uma série de conferências sobre o desenvolvimento cultural norte-americano, nos Estados Unidos.
Gabriela Mistral foi nomeada Consulesa do Chile e representou seu país em Nápoles, Madri, Lisboa e no Rio de Janeiro. Nos anos 30 e 40, ela era considerada um ícone da literatura latino-americana.
Prêmio Nobel de Literatura
Em 1945, Gabriela MIstral recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, se tornando o primeiro nome da América-Latina a vencer essa premiação – na época, morava em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
O Prêmio Nobel a transformou em figura de destaque na literatura internacional e a levou a viajar pelo mundo e representar seu país em comissões culturais das Nações Unidas.
Logo que chegou ao Brasil, fez amizade com Cecília Meireles – lançaram um livro de poemas junta. Fez amizades literárias com Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Assis Chateaubriand e seu predileto, Vinícius de Moraes. Conheceu Mário de Andrade através de Cecília. Nessa época, escreveu para o Jornal do Brasil.
Poeta
A poesia de Gabriela Mistral é única, mística e repleta de imagens singulares e de lirismo. Seus temas centrais são o amor pelos humildes, memórias pessoais dolorosas, as mágoas e um interesse mais amplo por toda a humanidade. Entre seus poemas destacam-se: Gotas de Fel, Dá-me Tua Mão e Eu Não Sinto a Solidão:
É noite desampara
Das montanhas ao oceano
Porém eu, a que te embala,
Eu não sinto a solidão.
É todo o céu desamparo,
mergulha a lua nas ondas,
Porém eu, a que te embala,
eu não sinto a solidão
É o mundo desamparo,
Triste a carne em abandono,
Porém eu, a que te embala,
Eu não sinto a solidão.
Atenta aos problemas de seu tempo, na obra “Pecados: Contados a Chile” (1957), Gabriela Mistral analisou múltiplos temas como a condição da mulher na América Latina, a valorização do índio, a educação e a necessidade de diminuir as desigualdades sociais no continente. Mais tarde, seus ensaios educacionais foram reunidos em “Magistério y Niño” (1982).
Gabriela Mistral, uma mulher e escritora notável.
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