JOHN
DEWEY
O professor que
desperta entusiasmo em seus alunos conseguiu algo que nenhuma soma de métodos
sistematizados, por mais corretos que sejam, pode obter.
A meta da vida não é a perfeição, mas o eterno processo de aperfeiçoamento, amadurecimento, refinamento.
John Dewey nasceu em 1859 em Burlington, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano de Vermont. Na escola, teve uma educação desinteressante e desestimulante, o que foi compensado pela formação que recebeu em casa. Ainda criança, via sua mãe confiar aos filhos pequenas tarefas para despertar o senso de responsabilidade. Foi professor secundário por três anos antes de cursar a Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Estudou artes e filosofia e tornou-se professor da Universidade de Minnesota. Escreveu sobre filosofia e educação, além de arte, religião, moral, teoria do conhecimento, psicologia e política. Seu interesse por pedagogia nasceu da observação de que a escola de seu tempo continuava, em grande parte, orientada por valores tradicionais, e não havia incorporado as descobertas da psicologia, nem acompanhara os avanços políticos e sociais. Fiel à causa democrática, ele participou de vários movimentos sociais. Criou uma universidade-exílio para acolher estudantes perseguidos em países de regime totalitário. Morreu em 1952, aos 93 anos.
Quantas vezes você já ouviu falar na
necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De prepará-los para
questionar a realidade? De unir teoria e prática? De problematizar? Se você se
preocupa com essas questões, já esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das
concepções de John Dewey, filósofo norte-americano que influenciou educadores
de várias partes do mundo. No Brasil inspirou o movimento da Escola Nova,
liderado por Anísio Teixeira, ao colocar a atividade prática e a democracia
como importantes ingredientes da educação.
Dewey é o nome mais célebre da corrente
filosófica que ficou conhecida como pragmatismo, embora ele preferisse o nome
instrumentalismo - uma vez que, para essa escola de pensamento, as ideias só
têm importância desde que sirvam de instrumento para a resolução de problemas
reais. No campo específico da pedagogia, a teoria de Dewey se inscreve na
chamada educação progressiva. Um de seus principais objetivos é educar a
criança como um todo. O que importa é o crescimento - físico, emocional e
intelectual.
O princípio é que os alunos aprendem melhor
realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados. Atividades manuais e
criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser
estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas. Nesse contexto, a democracia
ganha peso, por ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos
indivíduos, no papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem.
Dewey defendia a democracia não só no campo institucional mas também no
interior das escolas.
Estímulo
à cooperação
Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma
escola-laboratório ligada à universidade onde lecionava para testar métodos
pedagógicos. Ele insistia na necessidade de estreitar a relação entre teoria e
prática, pois acreditava que as hipóteses teóricas só têm sentido no dia-a-dia.
Outro ponto chave de sua teoria é a crença de que o conhecimento é construído
de consensos, que por sua vez resultam de discussões coletivas. "O
aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num
ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de
pensamento", escreveu. Por isso, a escola deve proporcionar práticas conjuntas
e promover situações de cooperação, em vez de lidar com as crianças de forma
isolada.
Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros
a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos. Dewey acreditava
que, para o sucesso do processo educativo, bastava um grupo de pessoas se
comunicando e trocando ideias, sentimentos e experiências sobre as situações
práticas do dia a dia. Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as
sociedades foram ficando complexas, a distância entre adultos e crianças se
ampliou demais. Daí a necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se
encontram para educar e ser educadas. O papel dessa instituição, segundo ele, é
reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de um modo
simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianças ao sentido e à
compreensão das coisas mais complexas. Em outras palavras, o objetivo da escola
deveria ser ensinar a criança a viver no mundo.
"Afinal, as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado se dá justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais. A Educação, na visão deweyana, é "uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da sociedade". Educar, portanto, é mais do que reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de desenvolvimento contínuo, preparar pessoas para transformar algo.
A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas ideias. Reflexão e ação devem estar ligadas, são parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a seu redor.
Liberdade
intelectual para os alunos
A filosofia deweyana remete a uma prática
docente baseada na liberdade do aluno para elaborar as próprias certezas, os
próprios conhecimentos, as próprias regras morais. Isso não significa reduzir a
importância do currículo ou dos saberes do educador. Para Dewey, o professor
deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões ou problemas e
jamais dar de antemão respostas ou soluções prontas. Em lugar de começar com
definições ou conceitos já elaborados, deve usar procedimentos que façam o aluno
raciocinar e elaborar os próprios conceitos para depois confrontar com o
conhecimento sistematizado. Pode-se afirmar que as teorias mais modernas da
didática, como o construtivismo e as bases teóricas dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, têm inspiração nas ideias do educador.
Para
pensar
Uma das principais lições deixadas por John
Dewey é a de que, não havendo separação entre vida e educação, esta deve
preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento. Como ele dizia,
"as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e,
em outro, vivendo". Então, qual é a diferença entre preparar para a vida e
para passar de ano? Como educar alunos que têm realidades tão diferentes entre
si e que, provavelmente, terão também futuros tão distintos?
Priscila
Ramalho
http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/john-dewey-307892.shtml
John
Dewey, Filósofo e Pragmatista
John Dewey (1859-1952) graduou-se em 1879 e
exerceu as funções de professor secundário durante dois anos, tempo em que
desenvolveu um profundo interesse por Filosofia. Em setembro de 1882, deixou o
ensino e retomou os estudos de Filosofia na Universidade Johns Hopkins, onde
obteve o doutoramento, com uma tese sobre a ‘psicologia’ de Kant.
Dewey exerceu a função de professor de
Filosofia na Universidade de Michigan, onde ensinou a partir de 1884. Três anos
mais tarde publicou seu primeiro livro, Psychology, onde propôs um sistema
filosófico que conjugasse o estudo científico da psicologia com a filosofia
clássica alemã.
Esse livro foi importante para o passo seguinte
da carreira de Dewey, o cargo de professor de Filosofia Mental e Moral na
Universidade de Minnesota, que assumiu em 1888. No ano seguinte, porém,
regressou à Universidade de Michigan para se tornar chefe do Departamento de
Filosofia. Em 1894 saiu de Michigan para a recém-criada Universidade de
Chicago, onde logo passaria a liderar os departamentos de Filosofia e de
Pedagogia, este criado por sua sugestão.
No final da década de 1890, Dewey começou a
afastar-se da sua visão basicamente neo hegeliana e a adotar uma nova posição,
que viria a ser conhecida mais tarde como pragmatismo.
Depois de problemas na política interna do
Departamento de Educação da Universidade de Chicago, Dewey abandonou a
instituição para se ligar à Universidade de Columbia, em Nova Iorque, onde
permaneceu até ao fim da sua carreira no ensino, em 1930. Continuou, no
entanto, a ensinar como Professor Emérito até 1939, e continuou a escrever e a intervir
socialmente até às vésperas da morte.
John Dewey é reconhecido como um dos fundadores
do pragmatismo norte-americano (juntamente com Charles Sanders Peirce, William
James e George Mead), e como representante principal do movimento da educação
progressista (ou progressiva) norte-americana durante a primeira metade do
século XX. Entre suas obras se destacam: Reconstrução em Filosofia, Experiência
e Natureza, A Busca da Certeza, Arte como Experiência, O Público e seus
Problemas, e Democracia e Educação.
Filosofia,
Educação e Democracia
Como se pode ler em Democracia e Educação,
Dewey tentou sintetizar, criticar e ampliar as filosofias da educação
democrática ou protodemocrática contidas em Rousseau e Platão. Viu em Rousseau
a valorização do indivíduo, enquanto Platão acentuava a influência da sociedade
na qual o indivíduo se inseria. Dewey contestou esta distinção. Tal como
Vygotsky, ele concebeu o conhecimento e o seu desenvolvimento como um processo
social, integrando os conceitos de sociedade e indivíduo. Para ele, o indivíduo
somente passa a ser um conceito significativo quando considerado como parte
inerente de sua sociedade. Esta, por sua vez, nenhum significado teria sem a
participação dos seus membros individuais. Depois, como reconhece na obra
posterior Experiência e Natureza, o empirismo subjetivo da pessoa é que
realmente introduz as novas ideias revolucionárias no conhecimento.
Para Dewey era de vital importância que a
educação não se restringisse à transmissão do conhecimentos como algo acabado –
mas que o saber e habilidade adquiridos pelo estudante pudessem ser integrados
à sua vida como cidadão, como pessoa.
No laboratório-escola que dirigiu junto com sua
esposa Alice, na Universidade de Chicago, as crianças bem novas aprendiam
conceitos de física e biologia, presenciando os processos de preparo do lanche
e das refeições, que eram feitos na própria classe. Essa ligação entre ensino e
prática cotidiana foi sua grande contribuição para a escola filosófica do
Pragmatismo. Mas essa iniciativa pedagógica durou apenas três anos, e Dewey
teve de deixar Chicago. Criou, então, a famosa Lincoln School, em Manhattan
(Nova Iorque), que também durou pouco tempo.
Sua ideias, bastante populares, nunca foram
ampla e profundamente integradas nas escolas públicas norte-americanas, embora
alguns dos valores e premissas tenham se difundido. Suas ideias de “Educação
Progressiva” foram duramente perseguidas no período da Guerra Fria, quando a
preocupação dominante era criar e manter uma elite intelectual, científica e
tecnológica, para fins militares. No período pós-Guerra Fria, entretanto, os
preceitos da Educação Progressiva ressurgiram na reforma de muitas escolas, e o
sistema teórico de educação formulado a partir das pesquisas de Dewey tem
evoluído.
Dewey é conhecido nos Estados Unidos como um filósofo
‘radical’, profundamente engajado, na teoria e na prática, na luta política e
social do seu tempo, em movimentos sociais e em experiências de organização
social e política, com posições democrático- radicais, sociais-democratas e
mesmo socialistas.
Dewey
e o Pragmatismo Filosófico Norte-Americano
John Dewey fundou e conduziu a Escola
Pragmatista de Chicago durante os dez anos em que esteve nesta universidade, de
1894 a 1904, um grupo que incluía George H. Mead, pragmatista, representante do
socialismo simbólico, em sociologia e psicologia social.
Dewey é uma das três figuras centrais do
pragmatismo nos Estados Unidos, ao lado de Charles Sanders Peirce (que
re-significou o termo após a leitura da antropologia prática de Immanuel Kant),
e William James (que popularizou a concepção pragmatista e a desenvolveu em
contato com a filosofia francesa da época e com o pensamento de Stuart Mill).
Mas Dewey não chamava sua filosofia de pragmatista, preferindo para ela o termo
“instrumentalismo”.
Sua linha filosófica era de influência fortemente hegeliana e neo-hegeliana, mas também, como no caso dos outros dois pais fundadores, de influência empirista e utilitarista.
Sua linha filosófica era de influência fortemente hegeliana e neo-hegeliana, mas também, como no caso dos outros dois pais fundadores, de influência empirista e utilitarista.
Assim como houve um ressurgimento da filosofia
progressista da educação, as contribuições de Dewey para a filosofia (afinal
ele era muito mais filósofo do que pedagogo) também voltaram à baila, a partir
dos anos 1970, com pensadores como Richard Rorty, Richard Bernstein e Hans
Joas. Mas também Putnam e Habermas.
Por causa de seu processo de orientação e visão
sociologicamente conscientes do mundo e do conhecimento, muitas vezes Dewey é
tido como alternativa válida a dois modos de pensar – o moderno e o pós-moderno
-, mesmo sendo-lhes contemporâneo. No Brasil, Dewey teve considerável
influência filosófica, pedagógica e política sobre Anísio Teixeira, entre
outros intelectuais brasileiros críticos e progressistas.
https://deweypragmatismo.wordpress.com/sobre-john-dewey/
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