Aula
Tele Presencial “Tribunais de Contas e o estímulo ao Controle Social”
Palestrante: Antonio Joaquin Moraes
Rodrigues Neto
Conselheiro
Corregedor do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT)
Presidente
da Associação dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon)
Contextualização do Tribunal de Contas
do Brasil
Grandes Marcos:
1.
O Brasil organizado em três poderes e
suas devidas instituições com a finalidade de criar normas, executar as normas
e fiscalizar o cumprimento das normas bem como punir o não cumprimento delas.
2.
Constituição Federal de 1988 –
Constituição Cidadã
3.
Leis intraconstitucionais:
a.
Lei da Responsabilidade Fiscal –
101/2000
b.
Lei Complementar que determina a
informação em tempo real – 131/2000
c.
Lei do Acesso à Informação - 12.527/2011
Com essas normas:
Ø Fica
claro que o “Governo” é para atender a sociedade, o cidadão. Ou seja, a
finalidade existencial do homem público é (deveria ser) de melhorar a vida das
pessoas.
Ø Por
isso, tem o dever (o homem público) de uma gestão eficiente e com
transparência na prestação de contas.
Ø A
regra é 100% de transparência na gestão pública. Sigilo é exceção.
Neto (2013) aponta para um tripé de
sustentação da gestão pública eficiente:
1.
Controle externo
2.
Controle social
3.
Cidadania
Os ter temas (controle externo,
controle interno e cidadania) foram abordados nos estudos do Módulo II deste
curso. Nesse contexto, o Tribunal de Contas (TC) tem o compromisso de estimular
o controle social dos gastos públicos. Contudo, no Brasil há uma situação
perversa que é a da prevalência do analfabetismo político. A compra/venda de
votos é a dinâmica existente no processo eleitoral das três instâncias de
governo e das instituições que têm sua gestão normatizada pelo “processo
democrático”. A cultura da “venda” ou “não venda” do voto é secular. No Brasil
a “cultura” é a da venda do voto. Esse analfabetismo político é o que gera os
grandes problemas sociais porque elege gestores políticos analfabetos,
favorecendo a construção de um contexto de corrupção. Graduados, especialista e
até doutores vendem seu voto a um analfabeto que irá decidir os rumos da
sociedade em que vive. É lamentável.
Um conceito de analfabeto político
dado por Bertolt Brecht diz que
O pior
analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, nem participa dos
acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem de decisões
políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política,
nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o
político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e
multinacionais (BERTOLT BRECHT, 1917).
Outro problema no Brasil é a
indiferença como regra. Antonio Gramsci diz que “a indiferença atua
poderosamente. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo que não se
pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os
mais bem construídos.”
Odeio os
indiferentes. Como Friederich Hebbel acredito que "viver significa tomar
partido". Não podem existir os apenas homens, estranhos à cidade. Quem
verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença
é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Por isso odeio os indiferentes.
A indiferença é o
peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte
em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso
que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas,
melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros
de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir
de gesta heroica (ANTONIO GRAMSCI, 1917).
Neto (2013) diz que a indiferença é
uma atitude medíocre, porque a pessoa pensa somente em si mesma, ela fica indiferente
às necessidades do outro. E para o homem público a indiferença desobriga-o de
atuar em benefício da sociedade, do cidadão.
Assim, percebe-se a necessidade de uma
“Educação Política”, que é obrigação do estado. Gastar com educação política,
formar consultores públicos de gestão, é fundamental para que as leis e o tripé
da gestão pública eficiente saiam do papel. Inclusive na educação. Formação
política para os acadêmicos é importante. É preciso ensinar, entre outros: como
gastar, como fiscalizar, como dar opinião, como participar. No Brasil gasta-se
bastante com educação, porém, gasta-se mal.
Os Tribunais de Contas são armazéns de
informações. Tudo o que se refere a gastos públicos está armazenado nos
Tribunais de Contas, por isso eles devem informar a população dos gastos com o
dinheiro público, bem como estimular o debate e a participação nas Assembleias
Públicas.
A educação política tem como conteúdo
básico as Leis orçamentárias:
1.
PPA – Plano Plurianual
2.
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias
3.
LOA – Lei Orçamentária Anual.
O debate e a participação da população
nos processos do PPA, da LDO e da LOA são fundamentais para efetivação da
gestão pública eficiente. A questão é que no Brasil já se fala há bastante
tempo a respeito dessas necessidades, porém a sua prática está difícil de
acontecer. É preciso coragem do gestor público para contratar uma estrutura que
ensine a sociedade a participar das decisões, através de comitês, assembleias,
e para desenvolver projetos com perfil de consciência cidadã.
Os conselhos são instrumentos
importantes nessa dinâmica. Porém, a realidade dos conselhos hoje é a de reunir
pessoas que pouco entendem do tema a ser debatido e assinado. Os conselheiros
participam sem informação previa do que será votado e, por isso, em sua grande
maioria, não sabem no que estão votando, assinando, aprovando.
As novas tecnologia permitem a
modernização dos processos, especialmente ao que se refere à transparência e à
informação. É preciso educar a população para participar da gestão pública, que
tem a função de normatizar, de executar, de subsidiar e de fiscalizar. O que é
ruim, porém necessário, é corrigir os desvios e punir os infratores. Também
função da gestão pública.
Enfim, a gestão pública deve (deveria)
ter por finalidade MELHORAR A VIDA DO CIDADÃO.
BIBLIOGRAFIA
BRECHT.
B. O Analfabeto Político. Disponível
em: http/pensador.uol.br/frase/MjMzMDA5/. Acessado dia 21/08/2013.
GRAMSCI,
A. Os indiferentes. Por Alexandre
Linhares para o Marxists Intenet Archive. Disponível em: http:/www.marxists.org/Gramsci/1917/02/11.htm.
Acessado dia 21/08/2013.
NETO,
A. J. M. R. Tribunais de Contas e o
estímulo ao Controle Social. Curso PDI – Ensino a Distância do TCE-MT para
gestão Pública. Aula tele Presencial. TCE-MT, 2013.
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