sábado, 4 de janeiro de 2020

Antologia de Escritores Contemporâneos


Volume I 



                                                     Leni Zilioto
                                                           Páginas 45 e 46


Banho de mel

Cada um seu sabor,
                              seu cheiro,
                              sua lembrança,
                              sua história,
                              sua pele.
Um é maracujá,
               outro é rosas brancas,
               há também o Angel,
               e a você, ao declarar eu te amo,
               dediquei rosas vermelhas.
Ocupei grande parte do meu tempo
para encontrar esse aroma
e fazer com que rosas vermelhas
minha pele exalasse para você.
Aconchego.
Momento para marcar uma história
importante.
Abri-me para a sensibilidade,
para a beleza, para o amor.
Tua resposta foi a melhor
que tive em todas as experiências.
Uma atitude pulsante.
Sentimentos confirmados.
Não é preciso falar eu te amo.
Vivemos o amor.
Encontrei em você o leitor
do que vai escrito em mim.
Rosas vermelhas e um banho de mel.
Amor.



[OPÇÃO]

Faz tempo, muito tempo,
que minha mão não faz o movimento do coração;
não registra minha emoção.
Há tempo de espera,
há tempo de poda,
há tempo de produção.
Não há mais tempo.
Não há tempo pro sol,
não há tempo pra lua,
não há tempo pra ficar nua.
Faz tempo, muito tempo,
que não há mais tempo.
Os filhos se foram
e eu continuo sem tempo
para um beijo de bom-dia,
um padre-nosso ou ave-maria.
Quem não perdeu tempo foi o tempo.
Cantou o tempo todo
ao som da chuva.
Perfumou o ar
ao movimento de cada primavera.
Sorriu para a vida
com o canto dos pássaros.
Refrescou os pés
que dedicaram tempo ao orvalho.
O tempo viveu seu tempo.
Já eu
não percebi
que perdi meu tempo
dedicando tempo
a um tempo
que não segurou meu tempo e,
em tempo,
decido dar um tempo.
Sento
neste momento
na varanda,
olho o sol se pondo,
respiro fundo esse tempo
e percebo meu amor sorrindo.
Vivo (em tempo)
um bom tempo.





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