segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Para o dia do Professor




“Os profetas são aqueles e aquelas que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da cultura e da história de seu povo, dos dominados do seu povo, que conhecem e seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham, realizam.
 

[...] Eu agora diria a nós, como educadores e educadoras: ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a sua capacidade de sonhar, de investigar a sua coragem de denunciar e de anunciar. Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai daqueles e daquelas que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a um passado de exploração e de rotina.
 

[...] Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender, participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.”

 

Paulo Freire

 

Minha primeira formação acadêmica: Magistério. Nome bonito: Magistério!

Com orgulho, divulgo minha formação de Ensino Médio, em um tempo em que trabalhar com 16 anos para pagar os estudos, no Colégio Scalabrini, Guaporé-RS, não deixou traumas, não precisou de psicólogo, não desvirtuou meu futuro.

Pelo contrário, trabalhar, estudar, levar bronca dos pais e dos professores, foi a grande contribuição da sociedade para a construção e aperfeiçoamento de meu perfil profissional e de minha personalidade.

Em 2012, findando meu tempo de “magistério”, continuo estudando, aperfeiçoando, aprendendo.

Acredito que esse meu jeito de “eterno aprendiz” é consequência de diversas leituras, importantes, com destaque a um livro que foi e é “minha bíblia” enquanto profissional da educação: Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire.

Paulo freire, o grande educador, meu mestre, meu guia. Li vários teóricos, inúmeras teorias. Em todos e em todas, encontrei Paulo Freire. Por isso, o tenho como “educador completo”.

Hoje, 15 de outubro de 2012, em que está invadida por mensagens aos professores,  faço minhas as palavras de Paulo Freire.

Frases de Paulo Freire

Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.
Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão.

A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que ninguém é superior a ninguém.
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da caridade.

A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.
Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.
Amar é um ato de coragem.
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.
As terríveis consequências do pensamento negativo são percebidas muito tarde.
Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.
Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se atrelarem a um passado de exploração e de rotina.
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.”
Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.
(...) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de saber o que fomos, para saber o que seremos”.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

 

Alguns “ensinar exige” que, segundo Freire, são saberes necessários a uma boa prática educativa

 

1 Ensinar exige rigorosidade metódica: significa dar condições ao educando em aprender criticamente, que sejam criadores, instigadores, inquietos, curiosos, humildes e persistentes; desse modo, não devemos estar certos de nossas certezas;  

2 Ensinar exige pesquisa: significa que todo professor ou professora é um pesquisador; pois o que faz um bom professor ou uma boa professora é a constante atualização, seu aprimoramento; visto que somos seres históricos e que fazemos história constantemente num mundo onde o conhecimento também tem sua historicidade;  

3 Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos: significa que o professor ou a professora deve mostrar ao seu aluno que sua experiência influencia a maneira como ele aprende os conteúdos instituídos e, faz com que ele possa refletir e agir sobre sua realidade, a fim de transforma-la;  

4 Ensinar exige criticidade: significa que o professor ou a professora deve ser crítico em sua prática; como age, como leva seu aluno a produzir seu conhecimento;  

5 Ensinar exige estética e ética: significa que o professor ou a professora deve estar comprometido com os resultados de sua ação pedagógica, visando a melhoria da qualidade de vida do aluno;  

6 Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo: significa que o professor ou a professora tem o dever de dar exemplo, de falar o que realmente faz, de contribuir para o crescimento da cidadania;  

7 Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação: significa que o professor ou a professora deve estar livre de qualquer pré-conceito, de rejeitar qualquer proposta que não seja válida para seus alunos;  

8 Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática: significa que o professor ou a professora deve estar atento a sua prática de hoje e de ontem para que possa melhorar a próxima prática; e  

9 Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural: significa que o professor ou a professora deve assumir-se como ser pensante, histórico, social, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de reconhecer o outro, capaz de ter raiva e capaz de amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Narrativas de Distopia: Reflexões sobre o Mundo Atual na Ficção

1. O Reflexo Distorcido: Distopias servem como espelhos distorcidos da sociedade atual. Ao explorar mundos sombrios e opressivos, os escrito...