“Os profetas são aqueles e aquelas
que se molham de tal forma nas águas da sua cultura e da sua história, da
cultura e da história de seu povo, dos dominados do seu povo, que conhecem e
seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles mais do que adivinham,
realizam.
[...] Eu agora diria a nós, como
educadores e educadoras: ai daqueles e daquelas, entre nós, que pararem com a sua
capacidade de sonhar, de investigar a sua coragem de denunciar e de anunciar.
Ai daqueles e daquelas que, em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o
futuro, pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai
daqueles e daquelas que em lugar desta viagem constante ao amanhã, se atrelem a
um passado de exploração e de rotina.
[...] Quando vivemos a autenticidade
exigida pela prática de ensinar-aprender, participamos de uma experiência
total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e
ética, em que a boniteza deve
achar-se de mãos dadas com a decência
e com a seriedade.”
Paulo Freire
Minha primeira formação acadêmica: Magistério. Nome bonito:
Magistério!
Com orgulho, divulgo minha formação de Ensino Médio, em um
tempo em que trabalhar com 16 anos para pagar os estudos, no Colégio
Scalabrini, Guaporé-RS, não deixou traumas, não precisou de psicólogo, não
desvirtuou meu futuro.
Pelo contrário, trabalhar, estudar, levar bronca dos pais e
dos professores, foi a grande contribuição da sociedade para a construção e
aperfeiçoamento de meu perfil profissional e de minha personalidade.
Em 2012, findando meu tempo de “magistério”, continuo
estudando, aperfeiçoando, aprendendo.
Acredito que esse meu jeito de “eterno aprendiz” é
consequência de diversas leituras, importantes, com destaque a um livro que foi
e é “minha bíblia” enquanto profissional da educação: Pedagogia da Autonomia,
de Paulo Freire.
Paulo freire, o grande educador, meu mestre, meu guia. Li
vários teóricos, inúmeras teorias. Em todos e em todas, encontrei Paulo Freire.
Por isso, o tenho como “educador completo”.
Hoje, 15 de outubro de 2012, em que está invadida por
mensagens aos professores, faço minhas as
palavras de Paulo Freire.
Frases
de Paulo Freire
Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.
Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem
ela a sociedade muda.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho,
na ação-reflexão.
A humildade exprime, uma das raras certezas de que estou certo: a de que
ninguém é superior a ninguém.
Eu sou um intelectual que não tem medo de ser amoroso, eu amo as gentes
e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a
justiça social se implante antes da caridade.
A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do
processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora
da boniteza e da alegria.
Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes.
Amar é um ato de coragem.
Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediatizados pelo mundo.
As terríveis consequências do pensamento negativo são percebidas muito
tarde.
Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar,
mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto
de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha
utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.
Ai daqueles que pararem com sua capacidade de sonhar, de invejar sua
coragem de anunciar e denunciar. Ai daqueles que, em lugar de visitar de vez em
quando o amanha pelo profundo engajamento com o hoje, com o aqui e o agora, se
atrelarem a um passado de exploração e de rotina.
“Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a
posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva
e quem lucra com esse trabalho.”
Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós nos fazemos.
(...) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de
saber o que fomos, para saber o que seremos”.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra.
Educar é impregnar de sentido o que fazemos a cada instante!
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para
a sua própria produção ou a sua construção.
Alguns “ensinar exige” que, segundo Freire, são saberes necessários a uma boa prática
educativa
1 Ensinar exige rigorosidade
metódica: significa dar condições ao educando em aprender criticamente, que sejam
criadores, instigadores, inquietos, curiosos, humildes e persistentes; desse
modo, não devemos estar certos de nossas certezas;
2 Ensinar exige pesquisa: significa
que todo professor ou professora é um pesquisador; pois o que faz um bom
professor ou uma boa professora é a constante atualização, seu aprimoramento;
visto que somos seres históricos e que fazemos história constantemente num
mundo onde o conhecimento também tem sua historicidade;
3 Ensinar exige respeito aos saberes
dos educandos: significa que o professor ou a professora deve mostrar ao
seu aluno que sua experiência influencia a maneira como ele aprende os
conteúdos instituídos e, faz com que ele possa refletir e agir sobre sua realidade,
a fim de transforma-la;
4 Ensinar exige criticidade: significa
que o professor ou a professora deve ser crítico em sua prática; como age, como
leva seu aluno a produzir seu conhecimento;
5 Ensinar exige estética e ética: significa
que o professor ou a professora deve estar comprometido com os resultados de
sua ação pedagógica, visando a melhoria da qualidade de vida do aluno;
6 Ensinar exige a corporeificação
das palavras pelo exemplo: significa que o professor ou a professora tem o
dever de dar exemplo, de falar o que realmente faz, de contribuir para o
crescimento da cidadania;
7 Ensinar exige risco, aceitação do
novo e rejeição a qualquer forma de discriminação: significa que o
professor ou a professora deve estar livre de qualquer pré-conceito, de
rejeitar qualquer proposta que não seja válida para seus alunos;
8 Ensinar exige reflexão crítica
sobre a prática: significa que o professor ou a professora deve estar
atento a sua prática de hoje e de ontem para que possa melhorar a próxima
prática; e
9 Ensinar exige o reconhecimento e a
assunção da identidade cultural: significa que o professor ou a professora
deve assumir-se como ser pensante, histórico, social, transformador, criador,
realizador de sonhos, capaz de reconhecer o outro, capaz de ter raiva e capaz
de amar.
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