Desde os combates épicos
travados pelas mulheres para obterem o direito de voto aos esforços concertados
desenvolvidos hoje, em todo o mundo, para introduzir quotas que visam aumentar
o número de representantes eleitas, as mulheres tiveram sempre um aliado poderoso
na democracia. Sabem que a participação democrática é o principal meio que
permite que os interesses das mulheres estejam representados e tenham uma
legitimidade social e uma resposta política sustentável.
O número
incrivelmente reduzido de mulheres que ocupam cargos públicos - atualmente, uma
média mundial de 19% nas assembleias nacionais - constitui um déficit a
corrigir. A participação das mulheres em todos os níveis do governo democrático
- local, nacional e regional - diversifica a natureza das assembleias
democráticas e permite que o processo de tomada de decisões responda às
necessidades dos cidadãos que podem ter sido descuradas no passado.
Eleições
e participação significativa das mulheres na política
O
Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) apoia os
esforços que visam aumentar a proporção de mulheres eleitas. Procura também
reforçar a capacidade das mulheres no que se refere a desempenhar um papel
legislativo eficaz, quando eleitas. No entanto, o desafio de assegurar a
igualdade de gênero ao nível da participação política não se limita à
consecução de melhores quantitativos entre homens e mulheres no decurso de um
ano eleitoral. É por isso que o UNIFEM apoia igualmente as iniciativas que
visam aumentar a eficácia política das mulheres antes e depois das eleições,
nomeadamente adotando “medidas temporárias especiais” em conformidade com o
artigo 4 da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres (CEDAW).
Ainda
que vários países – como a Albânia, a Bolívia, o Burquina Faso, o Egito e o
Senegal – tenham adotado quotas ou reservado assentos para as mulheres em
2008-2009, através de alterações à constituição, de reformas da lei eleitoral
ou da introdução de leis sobre a igualdade, o número de países onde essas
medidas foram aplicadas continua a ser muito reduzido, apesar de as quotas e
reservas de assentos terem, em média, possibilitado uma maior representação das
mulheres, independentemente do sistema eleitoral.
O
UNIFEM apoia as campanhas levadas a cabo pelas organizações da sociedade civil
para defender a adoção de medidas temporárias especiais e presta assistência
técnica aos países para pôr em prática tais medidas.
Reconhecendo
que o desafio de garantir a igualdade das mulheres na participação política não
se limita à obtenção de melhores quantitativos entre homens e mulheres durante
um ano eleitoral, o UNIFEM procura também reforçar o papel legislativo das
mulheres, uma vez eleitas. Estratégias como a formação de grupos multipartidários,
a nível parlamentar e local, podem proporcionar o apoio dos pares, necessário
para promover a igualdade de gênero ao nível da agenda legislativa e política.
No Afeganistão, no Burundi, no Quênia, em Moçambique, no Uganda e no Ruanda, o UNIFEM
apoiou a criação de grupos parlamentares de mulheres, de redes de pares entre
as vereadoras, o reforço das capacidades dos grupos de mulheres nos domínios da
análise da legislação sob uma perspectiva de gênero e da elaboração de
estratégias de implementação.
Construção
de uma base política de apoio e educação cívica
Um
elemento crucial para assegurar uma participação efetiva e significativa das
mulheres na política é a criação de uma “base política de apoio à igualdade das
mulheres”. É por isso que o UNIFEM apoia iniciativas na Bolívia, nos Camarões,
no Nepal e no Sudão que visam elaborar agendas políticas, acordadas a nível
nacional, a favor da igualdade de gênero. O UNIFEM continua a prestar
assistência técnica aos ministérios da condição da mulher, aos observatórios e
às comissões, a fim de que possam desempenhar um papel importante nos esforços
dos governos para integrar as questões da igualdade de gênero. Entre estes,
citemos a elaboração de planos nacionais sobre igualdade de gênero, a integração
da igualdade de gênero nos processos relacionados com o planejamento e a
formulação de estratégias nacionais de desenvolvimento, nos planos de segurança
nacionais e nas políticas ambientais.
Governança
democrática e obrigação de prestar contas
O
UNIFEM também se esforça por melhorar uma governança democrática sensível às
questões de gênero e a obrigação de prestar contas em relação às
mulheres. O UNIFEM colabora com o PNUD numa iniciativa mundial plurianual que
visa melhorar a qualidade da governança do ponto de vista da capacidade de as
mulheres acederem aos serviços públicos. Em Marrocos, a iniciativa trabalha com
o Ministério da Justiça para facilitar o acesso das mulheres aos tribunais de
família. No Ruanda, foi dado apoio ao observatório da igualdade de gênero, a
fim de melhorar a sua capacidade de monitorizar a prestação de serviços
agrícolas às mulheres.
A
nível local, o UNIFEM trabalha com as autoridades da Colômbia, Índia, Mali,
Namíbia e Tanzânia, a fim de que o planejamento e os orçamentos reduzam as
disparidades de gênero que afetam as mulheres da comunidade.
Legislação
e políticas sensíveis às questões de gênero
O
UNIFEM procura ajudar, consultar e apoiar as democracias em fase de
desenvolvimento através da promulgação de leis e de políticas que tenham em
conta as questões de gênero, concentrando essencialmente a sua ação na
igualdade de gênero na lei e na governança, na violência contra as mulheres, no
trabalho, na saúde e na pobreza. O UNIFEM está particularmente empenhado na eliminação
de disposições discriminatórias que figurem em leis ou políticas em vigor e na
inclusão de disposições relativas à Convenção sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra as Mulheres. Na Costa Rica, o UNIFEM apoiou o
trabalho da Associação de Trabalhadores Domésticos (ASTRADOMES), para
preconizar a reforma do Código do Trabalho do país, que foi aprovada em 2009.
No Burundi, o apoio do UNIFEM contribuiu para a adopção de alterações ao Código
Penal, tendo em vista aumentar as penas aplicáveis aos autores de violência
contra as mulheres e punir a violação conjugal no Burundi.
A
participação das mulheres no processo de consolidação da paz
Nas
sociedades que saíram de um conflito, a prioridade do UNIFEM é dar mais voz às
mulheres e aumentar a sua influência nos processos de estabelecimento e
consolidação da paz, nomeadamente no que se refere à formulação de políticas e
à atribuição de financiamentos, para responder de uma forma adequada às
necessidades de mulheres e raparigas no planejamento pós-conflito. O
UNIFEM desempenha, com frequência, um papel aglutinador, pondo em
contacto mulheres que são ativistas da paz, os representantes de alto nível da
ONU e os dirigentes mundiais. No quadro dos eventos comemorativos do 10º aniversário
da Resolução 1325 sobre as Mulheres, a Paz e a Segurança, o UNIFEM organizou,
em Junho de 2010, “Dias Abertos”. Estes dias deram às ativistas do Afeganistão,
da Guiné-Bissau, do Nepal, do Paquistão, da República do Congo e da Somália a
oportunidade de aceder aos membros que dirigem as missões da ONU e de governos.
Alargamento
da democracia pelas mulheres: Transformar a política para alcançar a igualdade
de gênero
O
UNIFEM, em associação com o Fundo das Nações Unidas para a Democracia
(FNUD) e a Divisão de Assistência Eleitoral do Departamento de Assuntos
Políticos (DAP) reuniu num workshop, em Nova Deli, em Janeiro de 2010, vinte e
um responsáveis da sociedade civil de dezoito países que trabalham para
reforçar a participação das mulheres na competição política democrática e na
governança. O workshop sobre Gênero e Democracia tinha como objetivo
servir de plataforma para a discussão dos êxitos e dos desafios na
implementação de projetos pilotos inovadores a nível das comunidades, analisar
os obstáculos à participação das mulheres e dar um contributo para os esforços
do sistema da ONU para promover a democracia.
FONTE:
Centro Regional de Informações das Nações Unidas.
http://www.unric.org/pt/trabalho-e-estagio-na-onu/29152-as-mulheres-e-a-democracia
Nenhum comentário:
Postar um comentário