Através
de estratégias sustentáveis, a cidade pretende implantar tecnologia de gestão
ambiental para melhorara a qualidade do ar e construir casas de plástico.
A cidade do México
projetou o “Plano Verde”, que deve ser concluído até 2021, com estratégias
divididas em temáticas como: conservação do solo, habitação e espaço público, água,
mobilidade, qualidade do ar, resíduos sólidos, mudanças climáticas e energia. A
cidade que já foi a mais poluída do mundo, em 1992, desde então trabalha para
mudar este cenário.
A Cidade do México, é a terceira capital mais
populosa do mundo segundo a ONU, com um pouco mais de 20 milhões de habitantes
distribuídos em 1.485 km² de extensão, ela também já foi considerada a mais
poluída do planeta devido à localização geográfica e o alto índice de poluição
emitida pelos carros. Durante décadas, a prefeitura buscou melhorias não só na
qualidade do ar, mas também em outros setores do desenvolvimento da cidade como
transporte, eficiência energética e construções sustentáveis.
Foto: Guillermo Gonzalez/AFP
A cidade
do México foi considerada a mais poluída do mundo em 1992, segundo a ONU por
três motivos relevantes. O primeiro deles é a concentração das indústrias
dentro da região metropolitana. O segundo é devido aos carros da época não
possuírem catalisador, sistema que regula os gases tóxicos emitidos, pois dessa
forma os veículos jogavam no ar grande quantidade de chumbo, substância que é
resultado da queima da gasolina. O terceiro é a localização da cidade, por
estar a 2.200 metros de altitude, os níveis de oxigênio nesta altura são
baixos, o que gera maior densidade da camada de poluentes que pairam no ar.
As primeiras
causas para que fossem criadas medidas que visam a melhoria de vários aspectos
da capital mexicana estavam diretamente relacionadas à saúde da população e a
qualidade do ar. Para amenizar estes impactos ambientais, em 2007 o governo
municipal lançou o “Plano Verde” que pretende, até 2021, atuar com 26
estratégias em 113 estruturas da cidade, dentre elas na revitalização de espaço
público, tratamento de água, mobilidade, qualidade do ar, resíduos sólidos,
mudanças climáticas, eficiência energética e conservação do solo.
Um dos
objetivos principais do “Plano Verde” é reduzir as emissões de CO2 em cerca de
4,5 milhões de toneladas por ano. Grande parte tem origem no sistema de transporte
público, que contribui com 1,8 milhão de toneladas anualmente.
Redução da poluição do ar
Com o objetivo
de intensificar as ações ambientais para resolver a questão da poluição do ar,
o “Plano Verde” colocou em prática um projeto de rodízio de carros que já tinha
começado em 1992. Pelas ruas da Cidade do México é proibida a circulação em
dois dias da semana e no sábado das 05h às 22h.
Há 20 anos
a prefeitura já trabalhava para driblar os efeitos dos gases poluentes. Por
isso criou a inspeção veicular, sistema de análise que verifica as condições de
emissão de poluentes.
Ainda para
amenizar a demanda de poluentes vindas da frota de mais de 10 milhões de
veículos pela cidade, uma das alternativas criadas veio por parte do governo
federal, que elaborou leis ambientais para diminuir os gases do efeito estufa
até 2020, em cerca de 30%.
Dentro
das ações de desenvolvimento sustentável, surgiu em 2008 o Programa de Ação Climática
da Cidade do México para analisar como as práticas humanas afetavam o clima
local. Em novembro de 2010 apareceram os primeiros resultados positivos. O
prefeito Marcelo Ebrard, também presidente do Conselho de Mudanças Climáticas,
fez mais de 200 cidades assinarem um documento que firma acordo referente à
divulgação das emissões de poluentes e o compromisso de trabalharem para reduzi-las.
Mobilidade urbana
Ciclovias na cidade do
México. Foto: au.pini
Para
incentivar a prática de esportes e diminuir os índices de gases poluentes
provenientes dos veículos, o governo investiu em mobilidade urbana com uma
estrutura adequada para as bicicletas. Ao todo são 100 km de ciclovias
permanentes pela Cidade do México. Aos domingos, boa parte das ruas do centro
viram ciclovias e o número sobe para mais 24 km de área própria para pedalar.
Para Pedro
Camarena, arquiteto e especialista em mobilidade urbana na Cidade do México,
segundo entrevista concedida para o Jornada Ecológica, “o governo deve
estabelecer a infraestrutura para o ciclismo em diferentes áreas para que
cidadãos comecem a acreditar na mudança e assim participar mais”.
Na cidade
também funciona, desde fevereiro de 2010, outro projeto de mobilidade urbana, o
Ecobici, sistema de empréstimo de bicicleta criado pela prefeitura. Para
usar o serviço é preciso se cadastrar no site do programa e pagar uma tarifa
inicial equivalente a R$ 28 reais. Depois que o sistema identificar o pagamento
e o cartão chegar na residência do usuário é só se dirigir as várias estações
pela cidade para começar a usar as bicicletas.
Sistema de compartilhamento de bicicletas Ecobici.
Foto: gcom
A iniciativa
das ciclovias e inclusão das bicicletas como meio de transporte da metrópole
rendeu o Prêmio de Transporte Sustentável 2013 pelo Instituto de
Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, em inglês) dos Estados Unidos,
órgão que analisa os projetos de transporte das cidades ao redor do mundo. Na
edição do ano passado o mesmo prêmio foi compartilhado pelas cidades de
Medellín, na Colômbia e São Francisco, nos Estados Unidos.
A capital
mexicana também investiu em transporte coletivo com a criação do Metrobus, ou
BRT (Ônibus de trânsito rápido, em inglês), que custou aos cofres públicos o
valor de mais de US$ 2 bilhões na expansão do projeto. Cada viagem neste meio
de transporte sai no valor de $ 16 pesos mexicanos, cerca de R$ 2,82.
Metrobus da cidade do México. Foto: embragbrasil
No setor de transporte
foi realizada uma expansão de 350% do sistema de mobilidade urbana com a
criação de novas linhas e a modernização de 84 mil taxis e micro-ônibus. De um
modo geral, as iniciativas favoreceram o avanço de forma integrada.
Aquecimento Solar
Os prédios públicos da cidade buscam a certificação LEED através da implantação de aquecimento solar. As medidas de eficiência energética como a troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes mais econômicas também fazem parte do “Plano Verde”.
Política de Resíduos Sólidos
Outra meta do “Plano Verde” está ligada à política de resíduos sólidos, que estabelece normas para a reciclagem. O incentivo ao gerenciamento de embalagens e materiais recicláveis e a utilização de produtos biodegradáveis e/ou recicláveis são para minimizar os impactos no meio ambiente. A medida também prevê reciclar no mínimo 79% dos resíduos. Por isso mais usinas de reciclagem serão construídas e a inserção de campanhas de educação ambiental nas escolas e meios de comunicação estão no projeto.
Casas construídas com plásticos
Aquecimento Solar
Os prédios públicos da cidade buscam a certificação LEED através da implantação de aquecimento solar. As medidas de eficiência energética como a troca das lâmpadas incandescentes por fluorescentes mais econômicas também fazem parte do “Plano Verde”.
Política de Resíduos Sólidos
Outra meta do “Plano Verde” está ligada à política de resíduos sólidos, que estabelece normas para a reciclagem. O incentivo ao gerenciamento de embalagens e materiais recicláveis e a utilização de produtos biodegradáveis e/ou recicláveis são para minimizar os impactos no meio ambiente. A medida também prevê reciclar no mínimo 79% dos resíduos. Por isso mais usinas de reciclagem serão construídas e a inserção de campanhas de educação ambiental nas escolas e meios de comunicação estão no projeto.
Foto: razon
Casas construídas com plásticos
No México, mais de 4.500
toneladas de plásticos são descartados e cerca de 90% dos resíduos sólidos vão
parar nos lixões, segundo informações do portal de notícias Último Segundo.
Para dar um destino útil aos materiais recicláveis, uma empresa de reciclagem
de Guadalajara – município ao noroeste da Cidade do México – recicla 40
toneladas de resíduos em placas plásticas que podem ser usadas na construção
sustentável.
O material pode ser
transformado em placas usadas na construção de casas populares para abrigar 50%
da população mexicana. Uma pequena casa de 55 metros quadrados sai no valor de
R$ 10 mil.
Eficiência energética
Uma das diretrizes do
“Plano Verde” é tratar o lixo orgânico como fonte de energia. O projeto ainda
pretende usar 85% desse material orgânico na produção de eletricidade através
da queima de biomassa.
Segundo informações do
portal El Economista, em setembro de 2012, Fernando Aboitiz, chefe do
Ministério das Obras e Distrito Federal – órgão que administra o lixão Bordo
Poniente –, disse que são investidos US$ 450 milhões anualmente para levar os
resíduos para outros aterros e tentar reaver a proposta feita pelo governo
municipal em 2011, de fechamento do lixão. Entretanto, o Bordo Poniente atua na
esfera de produção de biogás na cidade. O lixão é responsável por produzir 80
milhões de toneladas de lixo anualmente, e consequentemente, milhões de metros
cúbicos de gás metano. Para o colunista José Tamargo, do jornal El Universal,
da Cidade do México, o gás pode ser usado em outros serviços públicos da
cidade, sendo uma alternativa para mitigar o impacto ambiental do lixão na
cidade.
Aterro de Bordo
Poniente. Foto: razon
Áreas verdes
A capital mexicana também investiu na expansão e revitalização dos parques e, atualmente, as áreas verdes correspondem a 42% do total do município, dentre eles estão o Alameda Central e o Plaza Tlaxcoaque.
Áreas verdes
A capital mexicana também investiu na expansão e revitalização dos parques e, atualmente, as áreas verdes correspondem a 42% do total do município, dentre eles estão o Alameda Central e o Plaza Tlaxcoaque.
Bosque de Chapultepec.
Foto: Uol
Para contribuir com o ar
mais limpo na atmosfera, a prefeitura também vai implantar jardins nos telhados
de prédios e residências. A meta é alcançar nove metros de área verde por
morador.
Atualmente o governo da
capital plantou mais de 16.000 m² de jardins nas coberturas de seus edifícios.
Desde 2011, para incentivar os cidadãos a fazerem o mesmo, é oferecido 10% de
desconto no IPTU (imposto sobre a propriedade predial territorial urbano) para
que os moradores criem terraços verdes nas suas casas.
Perto do centro da
Cidade do México existe um enorme jardim vertical com 55 mil plantas, que são
responsáveis por produzir oxigênio e ajudar a reduzir os índices de CO2, gás
metano e outros poluentes emitidos pelas indústrias e veículos.
Jardim vertical no
centro da Cidade do México. Foto: ressoar
Educação ambiental em segundo plano
Foto: gcom
A cidade do México mostrou que o empenho de
políticas públicas para salvar o meio ambiente gera resultados a longo prazo.
Foram necessárias quase duas décadas, desde 1992, para o governo entender a
necessidade de planos emergentes ligados à sustentabilidade. Ciclovias,
bicicletas de aluguel, telhados verdes e casas de plástico ilustram as iniciativas
que deram certo.
Entretanto, no meio de
tanta novidade, a implantação dos conceitos de educação ambiental ficou um
pouco esquecida, o que não deveria fazer parte do cenário, pois para tornar uma
cidade sustentável é preciso que a sociedade também esteja integrada na
responsabilidade ambiental e saiba usar com consciência os recursos naturais do
planeta.
A ideia que a Cidade do
México vendeu foi de que a tecnologia dá um jeito para tudo, sem que o cidadão
precise compreender sobre a vida útil dos recursos naturais. Uma alternativa
para fazer com que a sociedade passe a adotar medidas sustentáveis no seu
cotidiano é investir em planos de educação ambiental, com o objetivo de criar
uma conscientização ecológica prolongada, que não dependa das facilidades
oferecidas pelos diversos métodos atuais de gestão ambiental.
A Cidade do México conseguiu contornar o problema
da poluição do ar com medidas inteligentes e simples. Confira, no dia 23 de
outubro, a história de mais uma cidade sustentável que conseguiu transformar o
rio, antes totalmente poluído, em um local de lazer em que é possível pescar
salmão em sua água límpida.
Fonte:
www.pensamentoverde.com.br
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