Empresas
que investem em empreendimentos sustentáveis têm conquistado clientela
Já faz certo tempo que
soaram os alertas quanto à diminuição dos recursos naturais, o aquecimento
global e os males que a humanidade tem causado ao planeta em que vivemos. Desde
então o assunto permeou por entre a mídia e pelo mundo, e a nova onda da
sustentabilidade já não é mais tão recente assim. Bancos lançaram talões de
cheque com papel reciclado, as eco bags viraram moda e, no caso do mercado
imobiliário, as construções sustentáveis conquistaram adeptos e se tornaram um
nicho do mercado em que os empresários passaram a investir.
Segundo Marcelo Willer,
diretor de novos negócios da Alphaville Urbanismo, especializada em projetos
urbanísticos verdes, a empresa vende os seus empreendimentos com um valor no
mínimo 30% acima do mercado justamente porque os clientes procuram por projetos
sustentáveis. “Virou parte do negócio, o cliente não dissocia sustentabilidade
da nossa marca”, comenta ele. Os empreendimentos da Alphaville têm tratamento
de esgoto, reuso de água, permeabilidade de solo para evitar alagamento e
grande quantidade de área verde, acima do exigido por lei.
Já a Inovatech
Engenharia obteve um crescimento de 100% este ano em relação ao seu faturamento
bruto investindo em construções verdes.
Segundo Luiz Henrique
Ferreira, diretor da empresa, esse crescimento está ocorrendo porque os
investidores estão percebendo que a construção sustentável já é uma realidade e
representa um grande diferencial para os empreendimentos imobiliários. “As
empresas que buscam nossos serviços têm, entre os seus clientes, consumidores
que percebem a sustentabilidade como valor agregado”, explica.
Para ele, o mercado
consumidor valoriza cada vez mais a sustentabilidade, elegendo produtos que não
causam danos ao meio ambiente e preferindo os empreendimentos com soluções
construtivas sustentáveis.
Em função disso, a
Inovatech, que nasceu como gerenciadora de obras de luxo, resolveu concentrar
sua operação na área de certificação ambiental de empreendimentos. “Estamos
fazendo uma mudança qualitativa”, explica Ferreira, que tem investido
sistematicamente em inovações e na contratação de uma equipe de elevado nível
técnico.
Em relação a 2008, hoje
triplicamos o número de funcionários na área de consultoria em construções
sustentáveis”, comenta Ferreira.
E a
classe C e D?
Apesar da onda verde,
móveis sustentáveis e empreendimentos imobiliários que prezam os recursos
naturais do planeta ainda são mais caros. Um seminário que aconteceu na sede da
na sede da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), no último
dia 12, discutiu a importância desse mercado chegar às classes C e D.
“As alternativas de
sustentabilidade não podem ser aplicadas somente nas residências de alto
padrão. As habitações populares necessitam mais e causam um maior impacto
direto ao meio ambiente”, afirmou Eduardo Trani, chefe de gabinete da
Secretaria da Habitação. Ele explicou ainda que os esforços dos promotores
habitacionais devem focar a redução do passivo ambiental, no incremento da
sustentabilidade e ciclo de vida urbano, e na relação entre mutuários e a
sustentabilidade. “Nenhum projeto terá sucesso se não for realizado um trabalho
social muito forte”, disse Trani sobre a necessidade de conscientizar os
moradores dos conjuntos. (Bárbara Vieira)
BOX/SUB
Consciência
ambiental dos brasileiros ainda pode melhorar
Apesar do mercado
imobiliário já ter sentido crescimento na fatia da poplação que consome
produtos verdes, estudos apresentados pela TNS Ri e Recherche mostraram que, no
Brasil, 8% da população jamais escutou ou muito menos praticou alguma atitude
sustentável, e 45% são considerados “ausentes” quanto à causa verde. Os estudos
revelaram também que 51% dos brasileiros são considerados “envolvidos”, e
apenas 4% “engajados” de fato.
A pesquisa também
revelou que a maioria dos envolvidos é atraída pela economia que a
sustentabilidade proporciona, e não pela consciência ambiental. Ou seja, o
ponto principal ao se limpar a calçada de casa com a vassoura, e não com água,
é a diminuição na conta ao final do mês.
Os motivos para ainda
não terem aderido à causa verde apontados pelas pessoas que responderam a
pesquisa foram falta de opções acessíveis, desconfiança quanto aos programas
ecológicos desenvolvidos pelas empresas, ausência de conhecimento, entre
outros. Para Gilberto Wiesel, empresário e administrador de empresas
pós-graduado em Marketing pela FGV, a solução é engajar os clientes. “É
necessária uma comunicação clara sobre os prejuízos causados pela sua empresa e
sobre o que é realizado para reduzi-los, além de ações ecológicas que incluam o
cliente e torne-o parte atuante de suas ações em prol do meio ambiente,
relaciona a sua marca à palavra sustentabilidade, acrescenta credibilidade e
agrega valor ao seu negócio”, comenta. (BV).
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