Minha biografia
Lizete Abrahão
Manhã de primavera: eu cheguei ao mundo,
Chorando, porque eu fazer versos não sabia
Em uma esquina, entre a noite e o sol fecundo,
Perdi-me, sem um norte a gritar-me onde o dia.
Foi quando o fim de uma tarde se anunciava,,
Que, de uma nuvem, um poema me elegeu...
E um eco assim falou: "Sou a que te buscava!"
Um anjo de asas nuas meu nome escreveu.
Ah! Eu cantei um verso como nunca antes.
(Meu, era tal encanto, minha a magia!)
Nasci do vento solitário dos amantes
Que vivem no amor e dor, com Poesia.
(Construo meu poema, e dele é a regência,
mas um poeta eu não sou: sou minha urgência)
Eu poesia
Lizete Abrahão
Ao som dos concertos do universo,
Serei vales, rios, montes, mundo em verso...
Regarei o homem com vinho e azeite,
Do meu seio farto jorrará mel e leite,
Da branca ovelha serei o fio de lã
Para que se aqueça o frio da manhã...
Minha fronte, veio quente de água doce,
Proverá todos olhos como lágrima fosse...
Tocarei os rebanhos, pois sou o grito,
E na mão do pastor o cajado bendito...
Espalharei minha luz alva como a neve
Sobre cabelos em que o tempo se atreve...
Pintarei, entre os sons e o infinito céu,
Nuvens ligeiras deslizando como um véu...
Plantarei asas nos ombros sonhadores
E sóis nascerão dos ventres, sem dores...
Tristeza, de tanta ternura apenas brincará,
Esquecido o fado tirano que a fez tão má...
Naquele penhasco onde o mar se quebra,
Espumas nevadas farão macia a pedra,
E o tempo, que na pressa nada respeita,
Notando que o homem de amor se enfeita,
Descansará do todo infindo que se perdeu...
Irá lentamente...renascer do que morreu.
Porque eu sou a que passa com a ventania
Sou mulher, deusa, amor e vida...
...eu sou poesia.
"Eu poesia" é o título do primeiro livro lançado de Lisete Abrahão, em 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário