terça-feira, 31 de maio de 2016

domingo, 29 de maio de 2016

O BRILHO DE ESTRELAS IMORTAIS Colonização...


[...]
O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia não quis deixar a terra onde repousava sua amiga e senhora. O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça? Poti com seus guerreiros esperava na margem do rio. O cristão lhe prometera voltar. Todas as manhãs subia ao morro das areias e volvia os olhos ao mar a ver se branqueava ao longe a vela amiga. Afinal volta Martim de novo às terras, que foram de sua felicidade, e são agora de amarga saudade. Quando seu pé sentiu o calor das brancas areias, derramou-se por todo seu ser um fogo ardente, que lhe requeimou o coração: era o fogo das recordações acesas. A chama só aplacou quando ele tocou a terra onde dormia sua esposa; porque nesse instante seu coração transudou, como o tronco do jataí nos ardentes calores, e refrescou sua pena de lágrimas abundantes. Muitos guerreiros de sua raça acompanharam o chefe branco, para fundar com ele a mairi dos cristãos. Veio também um sacerdote de sua religião, de negras vestes, para plantar a cruz na terra selvagem. Poti foi o primeiro que ajoelhou aos pés do sagrado lenho; não sofria ele que nada mais o separasse de seu irmão branco; por isso quis tivessem ambos um só deus, como tinham um só coração. Ele recebeu com o batismo o nome do santo, cujo era o dia; e o do rei, a quem ia servir, e sobre os dois o seu, na língua dos novos irmãos. Sua fama cresceu, e ainda hoje é o orgulho da terra, onde ele viu a luz primeiro. A mairi que Martim erguera à margem do rio, nas praias do Ceará, medrou. A palavra do Deus verdadeiro germinou na terra selvagem; e o bronze sagrado ressoou nos vales onde rugia o maracá. Jacaúna veio habitar nos campos da Porangaba para estar perto de seu amigo branco; Camarão assentou a taba de seus guerreiros nas margens da Mocejana. Tempo depois, quando veio Albuquerque, o grande chefe dos guerreiros brancos, Martim e Camarão partiram para as margens do Mearim a castigar o feroz tupinambá e expulsar o branco tapuia. Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas onde fora tão feliz, e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara. Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. As jandaias cantavam ainda no olho do coqueiro; mas não repetiam já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra.
José de Alencar

ARTE E VIDA




LIBERDADE
Escultura por Zenon Frudakis, na Filadélfia.









ESTUPROS



De bichos,
todos,
sabemos um pouco.

Às misérias,
internas,
maquilagem.

Para a ciência,
referência.
Complexidades.

Andamos des
ligados.
Imortalidade?

Nudez necessária,
desapegos.
(Des)humanidades.

Necessidades animais
frustradas.
Liberdade.

Linha
divisória.
Loucura e razão.

Leni, 2016. 









sábado, 28 de maio de 2016

EGOÍSMOS





Cansado do castelo que construiu,
o rei fugiu.
Distanciou-se
e encontrou-se com ela.

Era para ser diversão.
Na areia da praia
desenharam um coração.

Correndo da chuva
feito meninos.
... o mundo eram eles!

O sino tocou,
fundo na alma.
E o rei voltou.

A ser o mesmo.
Preso em seus castelos.
Sonhou!


Leni, 2016.


Pensamentos concretos




Não permitir que teu trabalho seja executado,
é pior que prisão, é pior que exílio.

O deboche dos inimigos
são espadas envenenadas
que tiram não a vida;
pior, a razão de viver.

A humanidade ainda não evoluiu
o suficiente para um planeta feliz.

A inteligência e a integridade
incomodam os tolos
e os incompetentes.
  
Querer o mal do inimigo é mau.
Preciso encontrar o caminho
da paz interior...

Leni, 2014.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Orgulho




Andar dez quilômetros por dia
para estudar.
Andar dez quilômetros por dia
para ensinar.
Escrever em folhas de bananeiras.
Escrever com carvão.
Olhar para o céu e pedir uma mão.

O Estado não vem.
O Estado é alguém.
O Estado sofre também!
Ele é jurado.
Ele é julgado.
O Estado.
Coitado.

Coitado de mim que devo morrer,
porque não sou ninguém sozinho.
Não me dou bem sem escola.
Não sirvo para nada sem dar um duro danado.
Devo morrer porque preciso comer.
E comer custa caro.
Ser exemplo de superação é legal.
É fenomenal.
É ...
... mais para o Estado!

Onde mora o Estado?
Quantos filhos o Estado tem?
Com quem é casado?
Posso ser amigo do Estado?

Concluí o ensino básico. Tenho diploma.
Sou analfabeto.
O “vagabundo” não ensinou, só queria salário.
Ele devia ter-me ensinado só com a imaginação.
Não precisava recursos. Afinal, todos aprendem.
É só ensinar. Só!

O Estado é professor?

Dos bons!
Ele até transformou
o jeitinho provisório de dar aulas
em padrão consolidado.
Economizou.

Economizou sabedoria!

Tem problema não.
Professor (vagabundo) é forte.
Aguenta a responsabilidade
pelo sucesso ou pelo fracasso
das políticas do Estado.

Os recursos são necessários
aos filhos do Estado,
aos amigos do Estado,
à família do Estado.
Tadinho do Estado, está fraco.
Cada um deve fazer a sua parte.
O Estado pede.

E se você é pobre, a culpa é sua.
Você não estudou.
Você não trabalhou.
Há trabalho (assalariado) sobrando.         

Quanto é o salário do Estado?
E dos filhos do Estado?
E dos amigos do Estado?

É pecado cobiçar.
Não queira o que é do rico.
Salve sua alma.
Vá estudar.
Vá trabalhar.
Deus vai recompensar.

A escola?
Entrei em uma delas
porque ouvi dizer
que lá eu ia aprendera a pensar.
Que depois dela eu iria me libertar.

Enquadraram-me!

Mas eu devo morrer.
Não consigo sobreviver.
Até aprendi o significado de subverter.
Falta-me poder.

Mudar de vida?

Morrer!

Leni, 2016.


quarta-feira, 4 de maio de 2016

DIA DAS MÃES


Filha,
assim como me conheci mais em você,
você em Antonela!

Vestido azul para o Davi por cultura.
Pode ser!
Vestido azul é detalhe.
Importante é Davi.

Vestido rosa para Antonela?
Vermelho.
Vestido vermelho, azul, rosa...
Detalhe!
Importante, Antonela.
Paixão!

Apaixonar-se é amar incondicionalmente.
Assim mães e filhos.
Crescidos, vacinados, barbados, casados,
sempre nossos bebês, nossos meninos, nossas meninas.

Dia das mães?
Ilusão!
Para elas, sempre dia dos filhos.
O que mais desejam?
Ver os filhos.
Ouvir os filhos.
Saber dos filhos.

Filho bem, mãe bem!

Fernanda,
ser mãe de menina,
é ser mãe de mãe!
É lindo.
É paixão.
É Vida.


Parabéns pelo dia das mães!

Leni, maio de 2016.

Narrativas de Distopia: Reflexões sobre o Mundo Atual na Ficção

1. O Reflexo Distorcido: Distopias servem como espelhos distorcidos da sociedade atual. Ao explorar mundos sombrios e opressivos, os escrito...